Sergio Senoux

Project

Jogo finito x Jogo infinito

Após ler o livro Relógio do Longo Agora, de Stewart Brand, tirei algumas conclusões sobre tudo o que fiz e o que deixei de fazer desde a minha formatura em Comunicação Social no ano de 2003. Esta data, diga-se, representa um marco para minha vida. A partir deste período aconteceram várias situações, decisões, alegrias, tristezas, vitórias, derrotas, investimentos, retornos, despesas e perdas.

Regia minhas ações sob o intuito de fazer algo e ter o retorno em médio ou curto prazo. O tempo encarregou-se de ensinar sobre paciência, perseverança, esperança e realização. O livro de Brand, leitura altamente recomendada em nossos dias, veio de encontro a todas as minhas expectativas. Principalmente no último capítulo, que faz um paralelo entre dois paradigmas interessantes.

Olhamos para nosso cotidiano sob os modelos lançados pelo autor: Jogo Finito versus Jogo Infinito. O primeiro fala a respeito de vencedores e perdedores, competição, sobrevivência e disputas decisivas em curto prazo. O segundo trata de continuidade, de compartilhamento, aprimoramento, consenso, causas e efeitos em longo prazo.

Jogo finito

  • O propósito é vencer
  • O aprimoramento se dá pela sobrevivência dos mais fortes
  • Os vencedores excluem os perdedores
  • Os vencedores ficam com tudo
  • Objetivos são idênticos
  • Simplicidade relativa
  • As regras são estabelecidas de antemão
  • As regras parecem concursos de debates
  • Competir por mercados maduros
  • Disputas de curto prazo decisivas

Jogo Infinito

  • O objetivo é aprimorar o jogo
  • O aprimoramento se dá pela elaboração do jogo
  • Os vencedores ensinam melhores jogadas aos perdedores
  • As vitórias são amplamente compartilhadas
  • Os objetivos são variados
  • Complexidade relativa
  • As regras mudam por consenso
  • As regras parecem com uma gramática de nossas primeiras palavras
  • Criar novos mercados
  • Longo prazo

(apud Mastering the Infinite Game, de Charles Hampden-Turner e Fons Trompenaars, 01997)
A comparação nos leva a pensar sobre a relevância de nossas tarefas. Qual o legado vamos deixar por meio de nossas ações? O que esperar? Qual a expectativa de nossos próximos? Qual a nossa relação com o mundo que nos cerca?

Se você ler o livro de Brand vai perceber tal relação e olhar os problemas da humanidade sob a ótica do tempo e da responsabilidade. Eu explico de forma simples: jogamos lixo na rua e pensamos automaticamente que ele vai sumir, nos esquecemos de como a matéria demora a se decompor e acabamos por poluir o ambiente. Ação de um. Imagine sendo de muitos, em um período longo de tempo?!

O agora, para muitos, representa o hoje, o imediato. Porém, uma ação feita neste agora pode resultar em grandes conquistas do amanhã. Depois de aprender isto, coloquei uma dose de calma em meu coração e esqueci um pouco a pressa - ou a pressão pessoal imediatista. Quero concentrar na tarefa de hoje com o foco no longo agora. Aprimorar, compartilhar, aprender a cada dia algo novo. Fazer o jogo infinito. Pense nisto!

Publicado originalmente em 23/03/2012, por Senoux.